sábado, 26 de setembro de 2009

Toquei num estádio. Toquei num estádio de futebol.

E depois? Ninguém sabe nada. Ninguém sabe ponta do que eu senti quando olhei para esse mar de cabelos e olhos. Voyeurs num peep-show. Expressões de um humano inverosímel. Uma incógnita apreciando outra.
De que me vale o feito se é para isto..trazer um estereótipo, um conceito prosaico de personagem para ti, que julgas conhecer algo que não existe, que te é veiculado por um palco, por uma postura blasé e suada.

Mas eu quero que vejas isso. Quero ter esse poder sobre ti, quero poder olhar-te de cima, achar-te vulgar, fracção de uma manada acéfala, néscia, estulta e manipulável. Eu grito e tu gritas, eu mando e tu fazes, eu saio e tu choras, eu entro e tu ruges de júbilo, apertas-te e esfolas-te para receber um olhar meu, talvez tocar-me. Desejas-me, ardes nesse aperto que te torna submisso e oh, um número tão apetecível.

O fetiche, porém, acaba sem mora. Amanhã, eu espero atrás de ti na fila de supermercado. Não me fazes descontos. Não me olhas, não me amas. É uma one night stand,
Conforto-me na minha prostituição.

Amicus Omnibus, Amicus Nemini.

3 comentários:

Anónimo disse...

uau! Será que posso dizer que este texto não só está tremendamente bem (d)escrito como encerra em sim uma quantidade enorme de sensações, sentimentos, teus. Que se tornam meus porque os senti. Dos que mais gostei sem dúvida. um beijo*

LaSardine disse...

perfect ^^

Ricky disse...

Muito bom, David, muito bom.