quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Engraçado

é que nesta altura do ano, caracterizada pelo senso comum como uma época de união, fraternidade e caridade, tenho a invulgar sensação de que todo o sistema de relações interpessoais que se estabelecem entrarão em colapso num absurdo violento de indiferença.
Isto a propósito de ultimamente estar em constante sobressalto com a ideia do ser humano. Explico-me: A verdade é que eu não conheço ninguém como conheço uma planta, um filme, uma cidade. Ninguém, de facto, está no direito de dizer que conhece um outro alicerçado em bases incorruptíveis, em pontos chaves. Ninguém, de facto, é capaz de ler ou prever sem erro o que cada um pensa ou faz, por mais próximo que lhe seja. E ainda bem, claro. Felizmente não existe uma matriz exacta sobre o que rege a nossa vontade e pensamento, embora hajam bases comuns, não fosse cada um um ser único.
Você que lê este texto não faz a mínima ideia se quem o escreve é um paranóico ligeiro a expressar-se humildemente ou um pedófilo assassino buscando a sua veia humanista num espaço cibernético. Da mesma maneira, não sabe se quem lhe aparenta amigável o é no fundo ou vice-versa. Observando o quadro familiar, é impossível dizer que todas as mães são boas, que os casamentos duram para sempre, que tudo gira numa aura de amor incondicional perfeito.
E por mais que esta época me tente imprimir essa sensação, por meio de embrulhos generosos e simpatias esboçadas em sorrisos e abraços, tremo em pensar que a realidade de muitos poderá ser a minha.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Caligrama descendo a escada

Deviamos.

Olha, tu que sabes quem és
E o que ansiavas ontem e hoje ainda
Não troces quem se perdeu
No mar imenso que é a juventude.
E por mais que estudes
A física quântica
Ou literatura estrangeira,
Não sabes ontem nem hoje
Nem amanhã
Quem é esse mar negro profundo
Que nunca viveste.

sábado, 29 de setembro de 2007

O meu método de defesa pessoal

Sob ameaça de roubo e /ou agressão, fingir ter uma coisinha má de repente. Assaltantes entram em pânico e fogem. Simples e eficaz.



Juro que fiz isto e funcionou.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A importância de ser homem

Ainda tão novo e já me cai o cabelo:É a calvície prematura, das protuberantes entradas escondidas entre cabelo rafeiro e desalinhado, que em breve se consumará no seu todo.

O que muda ao ser calvo?
A maneira como te olhas, talvez. Não te achas tão atraente com o escalpe nú; encontras desespero ao notar o avanço da calvície, acompanhando a tua idade.
A maneira como te olham. Ninguém te leva tão a sério, afinal é sempre engraçado ver alguém com a carequinha do papá.

Como vêem é neste tipo de assuntos que eu me ocupo a debater com a minha consciência diariamente.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Ontem, varreu-se me,

Hoje não sei e amanhã, já não dá.

É tão simples como isto inventar uma desculpa.